01/09/2010 12:02

O JB e a Internet

Queridos leitores, enquanto escrevo este artigo muitos brasileiros, na maioria cariocas, conferem as notícias da última edição impressa do Jornal do Brasil, que circula neste dia.

Pode soar saudosismo ou idiossincrásico de minha parte, mas o fato é mais um divisor de águas indelével da nossa história, de uma nova era, e que nos expõe diante da necessidadede de uma informação cada vez mais veloz, rompendo com o formato romântico da notícia, há pouco produzida em redações enfumaçadas e tensas por iminentes furos jornalísticos transmitidos em ondas curtas.

Embora antenado com a internet e sua evoluções ponto zero, confesso que me angustiam algumas coisas que se perdem com a nossa busca frenética pela evolução midiática, fruto da globalização. Certamente se perdem também os talentos que se reconhecia pela lapidação de um texto jornalístico, escrito e reescrito até que as palavras cumprissem não só o papel de informar, mas de encantar.

Recentemente tivemos a oportunidade de discutir na PUC Campinas, o marketing e o varejo na era digital, um evento que contou com as presenças maçiças de professores, alunos e outros profissionais de comunicação e marketing, que puderam debater com os palestrantes (Júlio Zaguini – Google, Alessandro Gil – Ikeda e Fernando Figueiredo – Bullet) os avanços “ponto com” neste setor.

Na ocasião, foram apresentados números do comportamento do consumidor nos meios digitais, sejam redes, portais ou lojas eletrônicas, que comprovam a ativação da adrenalina compulsiva pela variedade, disponibilidade, acesso e rapidez. Pudemos ver, por exemplo, que 83% dos internautas confiam mais nas tomadas de decisão on-line do que falando com um vendedor, e um outro dado me chamou a atenção: a previsão é de que em cinco anos mais pessoas se conectarão à internet pelo celular do que pelo computador.

Esses dados demonstram que a notícia deverá ser cada vez mais manchete, sem preocupação com a estética, mas apenas com o conteúdo, porque ninguém terá paciência – e olhos suficientes – para ler uma página de jornal na tela de um celular e que muitos comprarão uma lavadora de louça enquanto aguardam o início da sessão de cinema ou enquanto tomam um café na padaria da esquina, simplesmente porque não precisarão mais de argumentos, apenas de dados sobre ele. Rápido assim.

Isto não é um lamento, apenas constatação. Estamos diante de um caminho sem volta. Já me rotulei twitteiro convicto e sou fascinado com o poder das redes sociais, que fazem parte da minha rotina diária de trabalho. Logo após ler o meu jornal impresso, bem antes de sair de casa, diariamente adianto alguns detalhes de compromissos, utilizando a rede, o que me rende economia de tempo na condução dos mesmos durante o período. Já não consigo viver desconectado, mesmo não pertencendo à geração net e mesmo assim ainda percebo um foco de resistência, como se algo pudesse reverter esse quadro e trazer mais alguns anos de distanciamento com o meio. Pra quem ainda não sabe – e como um recente filme publicitário mostrou – o e-mail, que muitos ainda não têm ou não usam, já é considerado ultrapassado, substituído pela rapidez da internet 2.0, através do Twitter, que por sua vez já tem sucessor anunciado e que prenuncia uma interatividade 3.0, ainda nem compreendida em sua essência.

A banda está passando, o mundo impresso ficando pra trás, hábitos e conceitos transformando nossas velhas formas de viver e o jeito, para quem como eu – ou como o Júlio Zaguini do Google – ainda procura pela poesia entre vírgulas e arrobas, nos resta trabalhar para que a próxima geração também possa ver a paisagem durante a viagem desse trem bala chamado internet.

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