03/08/2010 21:39

Marketing Branco - O marketing do bem

Na tentativa de mostrar a alguns clientes a importância de resgatarmos a valorização do cliente numa era em que o imediatismo impõe o ritmo da busca de resultados a curto prazo, iniciei a conceitualização do que hoje chamo de Marketing Branco, o marketing do  bem. Entendo que seja premente a necessidade de explicar o conceito para que não seja mal compreendido ou utilizado, por isso vamos a ele.

 

Ao contrário do que parece supor, não se trata de ações sociais, ambientais ou culturais, bastante comuns no portifólio da maioria das empresas do país a partir da última década, e que têm a finalidade de promover uma imagem aura para quem as utiliza, transmitindo preocupação e compromisso com a sociedade. Também não estamos falando puramente de iniciativas de se oferecer eventos ou mensagens de auto-ajuda associadas a produtos e marcas com o intuito de persuadir o consumidor e faze-lo acreditar estar diante de uma empresa politicamente correta.  

 

O Marketing Branco trata de ações e iniciativas verdadeiras, claras e que tratam o consumidor com o respeito que merece. Em recente artigo que escrevi destaquei a importância de se enxergar o consumidor antes de tudo com um sorriso no rosto e não apenas como um cifrão com braços e pernas. Um consumidor feliz e bem tratado tende a ser mais fiel e consequentemente gerar melhores resultados. E pra fazer um cliente feliz não é preciso muito, apenas surpreende-lo com detalhes e fatores que ele valoriza e que mostram que a empresa está realmente preocupada com o seu bem estar, e que necessariamente não tenham apelo comercial direto. É talvez dizer um simples “bom dia” de forma sincera, tratar cada um pelo nome – claro, se puder – até enviar um presente surpresa no dia do seu aniversário. O que importa é a valorização do ser humano antes de te-lo como consumidor.

 

Costumo utilizar um exemplo muito simples como ilustração do Marketing Branco. A rede de postos rodoviários Frango Assado, que apesar de sua tradição e um mix reconhecido de produtos – nada muito especial, mas uma padaria muito apreciada – demonstra preocupação com a higiene e valoriza seus clientes quando orienta seus recepcionistas a limpar com álcool a ficha de controle entregue aos mesmos na entrada da loja, isso muito antes do surgimento da tal Gripe Suína. Algo simples mas sem tamanho para a percepção do consumidor. Implicitamente a rede demonstra também cuidados com a limpeza de suas dependências e qualidade na produção de seus produtos. Além disso, atualiza regularmente uma papeleta afixada na parede dos banheiros que aponta a periodicidade da limpeza dos mesmos.

 

Se isso traz mais movimento ou não certamente não comprovaremos senão com uma pesquisa junto aos frequentadores, mas certamente faz uma diferença enorme em relação ao seu principal concorrente, fato comprovado conversando com vários amigos usuários deste estabelecimento, que comentam ”...ahhh...o Frango Assado é o Frango Assado...” e porque dessa conclusão? A última coisa que se come lá é Frango Assado, portanto é por tudo que faz direito e pela qualidade intrinseca na sua marca, conquistada antes de tudo pela sua visão de tratar bem o seu público.

 

Mas para não ficarmos apenas num exemplo tão simples – mesmo que tenha um peso enorme na minha opinião – destaco ainda estratégias mais arrojadas que poderiam ser incluídas como marketing do bem. As grandes livrarias que hoje dedicam boa parte de seus espaços internos para oferecer conforto aos seus clientes também estão prestando um serviço valioso e certamente bem percebido pela comunidade. Quem quiser passar o dia sentado em uma poltrona confortável, lendo qualquer livro em exposição, jamais será incomodado por alguém, mesmo que nada compre. Alguns alunos que conheço fazem trabalhos acadêmicos utilizando esse expediente, com custo zero. É claro que a idéia consiste em aproximar e criar o interesse do consumidor pelo produto mas não cobram nada por isso, é livre, você entra e sai quando quiser, mesmo nos espaços de literatura infantil em que as crianças passam horas lendo – e as vezes destruindo livros, o que significa um oásis para pais perdidos com seus filhos num ambiente pouco aconselhável para eles, como os shopping centers.

 

Pois é, na época em que Networking deixou de ser entendido como uma rede de contatos superficiais e passou a ser uma obrigação do profissional moderno, ser tratado pelo nome faz toda a diferença, como numa loja de conveniência onde frequentemente paro para um cafezinho e cujo caixa me cumprimenta pelo nome – que certamente observou em meu cartão do banco pois nunca fomos apresentados – e que pra mim faz toda a diferença pra que  sempre a escolha quando estou por perto, pois além de um café gostoso – que outras lojas também oferecem – me proporciona este ingrediente diferencial, a simpatia.

 

Marketing Branco é isso, caro leitor, uma forma muito simples de cativar sem interesses, com originalidade, inteligência e respeito, tão simples como todo o marketing precisa ser em sua essência e que tanta gente complica.     

 

 

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